Sabe-se que a maconha é tradicionalmente um assunto polêmico. Não só a planta, mas seus usos também costumam causar discussões. Cada vez mais temos estudos e pesquisas sobre a Cannabis sendo lançadas, mas ainda há muito a ser explorado e conhecido sobre essa planta. A maioria das pessoas se limita a acreditar que a maconha traz apenas malefícios para o corpo humano.
Maconha pode viciar? O seu efeito medicinal realmente é eficaz? O THC só é capaz de causar efeitos recreativos? No texto de hoje vamos responder essas e outras perguntas, listando quais são os mitos e as verdades sobre a Cannabis, inclusive vamos trazer informações se há ligação entre a legalização da maconha medicinal com o uso recreativo da planta.
A maconha causa dependência?
Mito. Esse é um assunto bastante polêmico já que a realidade é que tudo pode causar de um vício até a dependência. E nesse vício é possível incluir os vários cafezinhos do dia a dia, chocolate, refrigerante… A lista pode ser bem longa. A maconha também pode sim causar vício em algumas pessoas, mas, quando comparamos a maconha com o cigarro ou até com o álcool, a realidade é que a maconha tem muito menos chance de causar vício ou dependência. Em um estudo publicado em reportagem na Super Interessante, apenas entre 6 e 10% dos usuários que experimentam a maconha pela primeira vez acabam ficando viciados. Os dados são do psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Atenção a Dependentes Químicos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). (A pesquisa completa pode ser link neste link: https://super.abril.com.br/comportamento/maconha-nao-vicia/)
A maconha é a substância mais consumida no mundo?
Verdade. De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2020, a cannabis foi a substância mais consumida no mundo em 2018, com uma estimativa de 192 milhões de pessoas que a usaram. No entanto, os opioides continuam sendo os mais nocivos, pois na última década o número total de mortes por transtornos associados ao uso de opioides teve alta de 71%. Um opioide é qualquer composto químico psicoativo que produza efeitos farmacológicos semelhantes aos do ópio ou de substâncias nele contidas. Também inclui os opiáceos. Os opioides agem sobre receptores opioides, com efeitos similares aos da morfina, por exemplo.
A maconha não possui benefícios medicinais?
Mito. Cada vez mais são publicados mais estudos comprovando os benefícios da cannabis para o tratamento de muitas doenças. A maconha possui diversas substâncias em sua composição, mas o CBD e o THC são as mais conhecidas. O CBD, ou canabidiol, não tem efeitos psicoativos, não causa dependência e é recomendado para o tratamento de diversas doenças graves, inclusive é seguro e pode ser tomado por crianças. O CBD pode gerar sensações de calma e é indicado no alívio de sintomas como dor, inflamações, depressão e ansiedade. Há também muitos relatos de que o CBD promove sonolência, além de possuir propriedades anti-inflamatórias ansiolíticas.
O THC também tem eficiência medicinal?
Verdade. Em se tratando de uso medicinal, o CBD, ou canabidiol, é a substância mais conhecida para a produção de medicamento, mas ambas as substâncias podem ser importantes para pacientes de diferentes doenças. O CBD é usado no tratamento de doenças como epilepsia, esclerose múltipla, esquizofrenia, mal de parkison e dores crônicas. Já o extrato de THC é aplicado no tratamento de: mal de parkison, esclerose múltipla, síndrome de tourette, asma e glaucoma. Estudos indicam que, em alguns casos e doenças, O CBD sozinho pode não resolver.
Há evidências convincentes de que o CBD funcionaria melhor em combinação com o THC e todas as possibilidades com outros componentes da cannabis. O cientista israelense Raphael Mechoulam, referência no assunto maconha medicinal, em seus estudos, descobriu que o THC e o CBD aumentam a desempenho do outro.
Legalizar medicamento a base de Cannabis pode aumentar o número de uso recreativo?
Mito. Muito pelo contrário. O primeiro ponto é que, com a legalização, muitas pessoas conseguem ter acesso aos medicamentos feitos à base de Cannabis e que são importantes nos tratamentos de muitas doenças. E o segundo ponto desta questão é que já foram feitos estudos que demonstraram que a legalização dos medicamentos não leva ao aumento do consumo recreativo da maconha.
Segundo o estudo “Cannabis Medicinal não aumenta o uso de Cannabis em adolescentes”, publicado em 2015, na revista The Lancet Psychiatry, a regulamentação da Cannabis para uso medicinal não influenciou e não aumentou o uso da planta por adolescentes. No mesmo ano e na mesma revista científica, foi publicado o estudo “Medical marijuana laws and adolescent marijuana use in the USA from 1991 to 2014: results from annual, repeated cross-sectional surveys”, em que também não evidencia relação significativa para o aumento do uso de Cannabis por adolescentes nos Estados norte-americanos após a planta ser regulamentada. (Fonte: Um panorama da cannabis medicinal no Brasil/Gabinete Senadora Mara Gabrilli).
Outro estudo, este feito pela Universidade da Califórnia, em parceria com instituições canadenses, analisou o vício em álcool, drogas ilícitas e até de remédios e demonstrou a eficiência da Cannabis no tratamento dessa dependência. Com o tratamento, os pacientes conseguiram diminuir o consumo e dependência. (O estudo completo pode ser acessado neste link: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.3109/16066359.2012.733465)
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